quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Números

Nunca fui muito bom com os números. Relaciono-me com eles o mínimo necessário. Minha intolerância com os algarismos nasceu na segunda série do ensino básico, quando eu tinha somente oito anos de idade e minha mãe e a professora me empurraram a tabuada, sem farofa, goela abaixo.

Meu irmão, inversamente proporcional, sempre simpatizou com a área de exatas, tanto que foi esse o caminho que escolheu e é muito bom [e bem sucedido] naquilo que faz. Eu sou apenas um boêmio aspirante a jornalista.

Mas apesar da minha ineficiência com os decimais; a minha implicância com os números primos e a confusão que faço entre MMC e MDC, devo admitir que uma informação tem me preocupado. Mato Grosso do SUL é o estado que mais tem notificações de pessoas infectadas pelo Aedes Aegypti, ou seja, a cada 10 pessoas com dengue no Brasil, 9 são de MS.

O Ministério da Saúde está arrancando os cabelos. Os agentes de saúde têm trabalhado até a exaustão. Até o exército tá dando seus pulos. Mas, infelizmente, não há tanta eficiência por parte da sociedade civil. Em Aquidauana, cidade localizada a aproximadamente 150 km de distância da Capital de MS [Campo Grande], já chegou ao absurdo de ter mais de 50% da população com a doença.

Diariamente, toneladas de lixo são recolhidas por centenas de carretas. Assim como presidiários, há reincidência de lixo nos locais por onde a limpeza já foi feita. O acúmulo de água provocado pela chuva somado ao descaso de parte da população faz com que o mosquito transmissor da enfermidade seja criado [praticamente] como um animal de estimação. Junto com tuiuiús, araras e jacarés, o bichinho já é um novo símbolo do pantanal.

Uma triste realidade noticiada incansavelmente pela imprensa, que conta agora com o bom senso das pessoas. A ordem agora é subtrair: eliminar qualquer possibilidade de proliferação do mosquito e da doença. Multiplicar, só se for esforço humano. Somar, só se for idéias. Dividir, só as tarefas e responsabilidades.

Temos que acabar com essa história de divulgar o Estado somente pelas coisas ruins. Isso só acentua a idéia equivocada de que MS é uma periferia dentro do Terceiro Mundo. Essas estatísticas, dignas de Guines Book, não nos interessa. A exatidão dos números é mera formalidade de uma circunstância a ser mudada.

Dessa vez é necessário uma tabuada humanizadora...