terça-feira, 5 de maio de 2015

As [des]vantagens de ser invisível

Uma hora você está ali.

Mas não existe.

As pessoas notam, mas não comentam. É a praticidade do silêncio, mas sem o seu conforto.

É a sua câmera que dispara a foto. O para-brisa do seu carro é a moldura. 

Tem seu coração naquele instante. Mas não é suficiente.

Sua participação é incidental. Não há nada que comprove, mas sua intuição diz que se não fosse a parte pragmática da coisa [a carona, a ajuda, o ombro] você não seria necessário.

Há o desafio de ser honesto com o que se quer da vida. E há a desonestidade do que a vida te oferece e você, ordinariamente, aceita.

Uma hora você já não está mais ali.

Já esteve. Talvez, ainda continue. 

Só não faz mais diferença.

Sobram cinco minutos. Você os desperdiça como o gole que fica no fundo do copo e não será usado porque a sede já foi saciada.

Você respira, alinha o peito e acredita estar satisfeito com a decisão que tomou. Todo rompimento é necessário para o recomeço.

Você já foi embora. E ninguém percebeu.

Na verdade, você nunca esteve ali...