Uma hora você está ali.
Mas não existe.
As pessoas notam, mas não comentam. É a praticidade do silêncio, mas sem o seu conforto.
É a sua câmera que dispara a foto. O para-brisa do seu carro é a moldura.
Tem seu coração naquele instante. Mas não é suficiente.
Sua participação é incidental. Não há nada que comprove, mas sua intuição diz que se não fosse a parte pragmática da coisa [a carona, a ajuda, o ombro] você não seria necessário.
Há o desafio de ser honesto com o que se quer da vida. E há a desonestidade do que a vida te oferece e você, ordinariamente, aceita.
Uma hora você já não está mais ali.
Já esteve. Talvez, ainda continue.
Só não faz mais diferença.
Sobram cinco minutos. Você os desperdiça como o gole que fica no fundo do copo e não será usado porque a sede já foi saciada.
Você respira, alinha o peito e acredita estar satisfeito com a decisão que tomou. Todo rompimento é necessário para o recomeço.
Você já foi embora. E ninguém percebeu.
Na verdade, você nunca esteve ali...